segunda-feira, 2 de março de 2009

Qual é o tamanho do Maiframe que controla o Ônibus Espacial?

Incrivelmente, o computador central a bordo do famoso Ônibus Espacial americano tem a discreta motherboard de um IBM 5150. Este modelo é um PC-XT de 16 bits fabricado em 1981, equipado com processador 8088 de 4,77 MHz e memória RAM padrão de 500 Kb. É uma antiguidade que atualmente só pode trabalhar num museu, pois não roda Windows, não permite acesso à Internet, não é compatível com os programas atuais, etc.

Este dinossauro informático pode ser arrematado hoje em dia por qualquer 20 dólares em lojas de velharias eletrônicas. De acordo com a NASA e a IBM, o Computador de Propósito Geral (CPG) – que controla, entre outras coisas, a totalidade dos procedimentos de lançamento – recebeu um patético upgrade de memória de 500 Kbytes em 1991.


Não obstante a extrema antiguidade de tal hardware, ele se manifesta bastante satisfatório para os objetivos da NASA. O Space Shuttle (ônibus espacial) não precisa ter suporte para gráficos de alta resolução, ou rodar gordas apresentações de Power Point, ou armazenar milhares de músicas em MP3. Tudo o que ele tem a fazer é se concentrar inteiramente nas suas funções básicas, tais como: ligar e desligar foguetes, que apesar da complexidade matemática envolvida, não requer nem sombra do poder computacional requerido por quaisquer interfaces gráficas baseada em janelas oferecidas pelos modernos sistemas operacionais.

O CPG tem cumprido muito bem as suas tarefas em inúmeras missões espaciais, inclusive com larga folga na sua capacidade de processamento, fazendo com que a agência espacial nem pense em fazer um upgrade, mesmo que o seu poder de fogo represente apenas 0.005 % da capacidade do console de jogos de última geração, tipo o Xbox 360 da Microsoft.


A razão de tamanho conservadorismo é bastante simples de explicar, a atualização do hardware teria custos inimagináveis, gastos em primeiro lugar na escolha física de cada componente, o que pode levar anos em testes exaustivos componente a componente, para que o conjunto possa ficar praticamente à prova de falhas. Em segundo lugar há o problema do software que deveria ser totalmente reescrito para um computador moderno, o que demandaria também meses e mais meses de exaustivos testes, até que ficasse provado que nenhum lopping insuspeito em alguma obscura linha de código desviasse o ângulo de lançamento, ou provocasse uma reentrada prematura na atmosfera terrestre... qualquer um destes erros seria suficiente para matar várias pessoas e esfumaçar bilhões de dólares.

Como prova de que não se pode mexer na informática espacial sem sofrimentos, a não ser que em caso de falhas glamurosas, vamos relatar um drama acontecido com o problema na reentrada na atmosfera da cápsula espacial Soyuz da Rússia. Ela funcionou perfeitamente bem desde 1974, comandada pelo computador de bordo, o Argon-16 de apenas 6 Kilobytes de memória RAM.

Em 2003 os russos decidiram reescrever uma parte do código do software. Foi o que bastou para induzir um erro na leitura dos dados dos giroscópios, resultando num desvio de 460 Km em relação ao alvo de chegada previsto em algum ponto do deserto do Cazaquistão. Logicamente os russos não revelaram as causas do problema, mas especialistas ocidentais suspeitam de que tenha sido causado por algum erro na parte nova do software.

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